Varicela - Definição, sintomas, tratamento

DocFinder, Shutterstock
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A varicela é uma doença viral altamente contagiosa. Ocorre sobretudo na infância, mas os adultos também podem ser afetados. Os sintomas característicos são a presença de pequenas bolhas cheias de líquido na pele e prurido intenso. Normalmente, a doença não apresenta complicações, mas às vezes pode originar sequelas graves. Contágio, sintomas, possíveis complicações, prevenção e tratamento - leia tudo o que importa aqui.

O que é a varicela?

A varicela é uma doença infeciosa que ocorre principalmente na infância e é causada por um vírus particularmente contagioso, o Vírus Varicela-Zóster (VZV). O vírus varicela-zóster faz parte do grupo dos vírus de herpes, do qual também faz parte, entre outros, o vírus de herpes simples, que nos humanos causa infeções por herpes simples (herpes labial, herpes genital). A par da varicela, o vírus varicela-zóster também provoca herpes-zóster. A varicela é altamente contagiosa. A infeção com o vírus varicela-zóster ocorre por meio de uma infeção por gotículas ou por esfregaço. No caso de uma infeção por gotículas, o vírus é transmitido através de minúsculas gotículas de secreções que são expelidas ao falar, tossir e espirrar e inaladas por outras pessoas ao respirar. No caso de uma infeção por esfregaço, a infeção deve-se ao contacto com o líquido existente nas bolhas da pele da pessoa afetada. O período de incubação (tempo entre a infeção com o vírus e o início dos primeiros sintomas/início da doença) é de cerca de 12 a 21 dias. Durante a gravidez pode também verificar-se, embora raramente, um contágio do feto através da placenta. Uma primeira infeção da mulher grávida com o vírus varicela-zóster pode levar a malformações no feto durante as primeiras 20 semanas de gestação (síndrome da varicela fetal).

Relação entre varicela e herpes

A maioria das pessoas já teve varicela quando era criança, no entanto, a varicela pode ocorrer em qualquer idade. Qualquer pessoa que tenha tido varicela quando era criança fica imune à doença para o resto da vida, por norma, a varicela só se apanha uma vez na vida. Mas: mesmo depois de a doença ter passado, o vírus permanece no corpo. Os vírus migram para os gânglios da raiz dorsal, onde permanecem inativos ao longo da vida. Mediante certas circunstâncias, podem posteriormente tornar-se ativos novamente. Em caso de uma reativação surgem os herpes, sintoma característico aqui é uma erupção cutânea com bolhas cheias de líquido. Numa primeira infeção com o vírus varicela-zóster ocorre, portanto, a varicela, os herpes são a segunda fase da doença desencadeada pelo vírus. O que significa que apenas aqueles que já tiveram varicela podem apanhar herpes-zóster. Se uma pessoa com herpes-zóster contagiar outra com o vírus varicela-zóster, essa pessoa apanha a varicela caso ainda não a tenha apanhado e não tenha sido vacinada.

Erupção cutânea e prurido intenso - sintomas da varicela

Um sintoma característico é a erupção cutânea com bolhas cheias de líquido. Os primeiros sinais manifestam-se frequentemente com sintomas gerais, como desconforto, fadiga, dor de cabeça e dores no corpo. Do terceiro ao quinto dia da doença, começa a desenvolver-se a típica erupção. Formam-se pequenas manchas vermelhas que em pouco tempo se transformam em bolhas contendo um líquido claro. Na maioria dos casos, as bolhas aparecem primeiro na face e na área do tronco, mais tarde também na área das membranas mucosas, braços, pernas e couro cabeludo. As bolhas fazem-se acompanhar de prurido intenso e, muitas vezes, verifica-se a ocorrência de febre alta (raramente acima dos 39 °C). Depois de alguns dias, as bolhas vão secando, até que se forma uma crosta que também irá desaparecer pouco depois. Ao coçar as bolhas e em caso de uma infeção bacteriana adicional podem verificar-se cicatrizes permanentes. Quando as bolhas ficam em crosta, já não existe possibilidade de contágio. Regra geral, as bolhas passam sem deixar cicatrizes e a doença, geralmente, não causa complicações em pessoas saudáveis. Em alguns casos, no entanto, podem ocorrer complicações e sequelas. Uma das complicações mais comuns da varicela é a superinfeção bacteriana (inflamação bacteriana adicional das bolhas), já complicações mais graves são a pneumonia (varicela pneumonia), complicações no sistema nervoso central, encefalite (inflamação do cérebro) e complicações no campo de outros órgãos, como inflamação do músculo do coração, dos rins, das articulações e da córnea. Nos adultos, a varicela é menos comum, mas a doença costuma ser mais grave do que nas crianças. O risco de complicações também é maior do que em crianças e pode ser particularmente grave no caso de mulheres grávidas e pessoas imunodeficientes. Os adultos queixam-se geralmente de um sentimento de doença mais forte, além disso, formam-se geralmente também mais bolhas do que nas crianças. A duração da doença é também ligeiramente maior do que nas crianças. Nas crianças, a doença dura geralmente cerca de dez dias a duas semanas. Os adultos podem contrair varicela se não a tiverem tido antes e não tiverem sido vacinados.

Prevenção

A vacinação é a melhor forma de prevenção. O plano de vacinação austríaco recomenda a primeira vacinação em crianças após estas terem completado o primeiro ano de vida, a segunda dose deve ser tomada em intervalos de, pelo menos, quatro semanas, em qualquer caso, antes do início da frequência de instituições comunitárias (por exemplo, jardim de infância). A vacina contra a varicela não faz parte do programa de vacinação gratuita na Áustria. A imunização ativa é especialmente recomendada para todas as crianças dos nove aos 17 anos (vacinação "catch-up"). Em adultos, a vacina é recomendada para todas as pessoas mais vulneráveis, sobretudo mulheres em idade fértil e seronegativas (sem anticorpos contra antigénios específicos detetáveis no sangue), cuidadores de crianças suscetíveis e indivíduos seronegativos que trabalhem na área da saúde. As pessoas não vacinadas devem evitar o contacto com pessoas doentes. Existe também a possibilidade da imunização passiva com imunoglobulina contra varicela-zóster (VZIG), o que pode prevenir ou enfraquecer o aparecimento da doença, devendo a mesma ser utilizada quando a vacinação ativa contra a varicela não é possível. No caso de pessoas suscetíveis com sistema imunitário debilitado comprovado e mulheres grávidas não vacinadas sem imunidade demonstrável, após a exposição é recomendada a administração de uma VZIG logo que possível (no espaço de 96 horas).

Tratamento

Caso não se verifiquem complicações na evolução da doença, o tratamento consiste principalmente no alívio dos sintomas. O prurido intenso pode ser tratado com agentes antipruriginosos para aplicação tópica na pele. Os cremes, loções, géis ou pós são aplicados nas bolhas e aliviam a comichão por algumas horas. Além disso, podem ser usados antipiréticos e analgésicos, se necessário, uma visita ao médico é sempre aconselhável (cuidado com acido acetilsalicílico em crianças e adolescentes devido à eventualidade de ocorrência de síndrome de Reye). O prurido intenso intensifica-se com o calor e suor, por isso, recomenda-se uma temperatura ambiente confortável e o uso de roupas de algodão permeáveis ao ar. Evitar coçar as bolhas em caso de prurido, caso contrário podem ocorrer infeções bacterianas e cicatrizes. Neste contexto, o corte das unhas e o uso de luvas de algodão pode ajudar bastante. O tratamento antibiótico é ineficaz no caso da varicela, mas pode ser prescrito em caso de inflamação das bolhas rompidas (superinfeção bacteriana). Em casos graves, os vírus podem ser tratados diretamente com medicamentos específicos - os chamados antivirais inibem o processo de multiplicação dos vírus e podem mitigar a doença, são utilizados sobretudo em pacientes com o sistema imunológico enfraquecido.

Caixa de factos

Varicela: Doença viral
Outras designações: Bexigas doidas
Agente patogénico: vírus da varicela-zóster (VZV, primeira manifestação da doença varicela, segunda manifestação da doença herpes-zóster)
Transmissão: Infeção por gotículas e infeção por esfregaço, durante a gravidez (raramente)
Período de incubação: Cerca de 12 a 21 dias
Sintomas: Primeiro verificam-se os sintomas gerais, tais como desconforto, fadiga, dor de cabeça e dores no corpo, erupção cutânea com bolhas cheias de líquido (inicialmente na área de face e tronco, mais tarde nas membranas mucosas, braços, pernas e couro cabeludo), prurido intenso, febre, entre outros.
Infeciosidade: Termina quando as bolhas estão em fase de crosta.
Possíveis complicações/sequelas: Superinfeção bacteriana (inflamação bacteriana adicional das bolhas), pneumonia, complicações na área do sistema nervoso central e outros órgãos, etc.; o forte coçar ou a superinfeções bacterianas podem causar cicatrizes
Prevenção: Vacinação, evitar o contacto com pessoas doentes
Tratamento: Agentes antipruriginosos para uso local, possivelmente terapia antibiótica em caso de superinfeção bacteriana adicional, antivirais (em casos graves, pacientes com sistema imunológico enfraquecido), entre outros.

Fontes
Programa Nacional de Vacinação Austríaco 2018, Ministério Federal do Trabalho, Assuntos Sociais, Saúde e Defesa do Consumidor

Lienhard A.; Update zu Windpocken und Gürtelrose - Zosterbehandlung und Impfung gegen Varizellen und Zoster, Medicos, Schweizer Zeitschrift für Dermatologie 03/2013, Rosenfluh Publikationen AG

Leodolter S. et al. série: Virusinfektionen in der Schwangerschaft - Teil 3 - Varizellen und Herpes zoster, Gyn-Aktiv 03/2011, MedMedia Verlag e Mediaservice GmbH

Varizellen-Verlauf - Komplikationen häufiger als gedacht, Deutsches Ärzteblatt 101(20)/2004, Deutscher Ärzteverlag GmbH

Gabler-Sandberger E.; Varizella-Zoster-Virus: Windpocken nicht als harmlos einschätzen, Deutsches Ärzteblatt 97(15)/2000, Deutscher Ärzteverlag GmbH

Windpocken, Herpes Zoster (Gürtelrose), RKI-Ratgeber, Robert Koch-Institut, URL:
https://www.rki.de/DE/Content/Infekt/EpidBull/Merkblaetter/Ratgeber_Varizellen.html, Edição: 2018/06/28

Starker Rückgang der Windpocken durch Impfung, Deutsches Ärzteblatt, 07.01.2013, URL: https://www.aerzteblatt.de/nachrichten/52938/Starker-Rueckgang-der-Windpocken-durch-Impfung


Autor: Katharina Miedzinska, MSc